A discussão sobre as cores dos vestidos de baile já se estendera por tempo demais, até mesmo para ela. Tentou mudar de assunto mas as meninas estavam num frenesi incessante! Decidiu entrar na sala, foi para sua carteira, e ficou olhando os colegas, um a um, entrarem na sala. Bem, na verdade, ela não estava muito interessada em seus colegas, mas apenas num menino em especial. Logo ele chegou, falante, cercado por seus amigos, a turma de sempre. Onde ele ia, seus seguidores o acompanhavam. Nunca uma expressão, como "personalidade magnetizante", se concretizou de maneira tão formidável, tão perfeita.
Se Boris tinha o poder de atrair tantos meninos a sua volta, imagina o que ele não fazia com ela e, para seu infortúnio, com quase todas as outras meninas da sala e algumas até de outras turmas! O sorriso que ele estendia para todos, os braços fortes, bem fortes para a idade dele, o jeito com que ele puxava a manga da camisa, o cabelo propositadamente desgrenhado, a forma de andar, a rebeldia segura, ela não sabia, mas esse conjunto de atributos tão díspares a atraía.
Pegou sua caneta cor de rosa e começou a desenhar corações no seu caderno da Hello Kitty. "A & B", pareciam dizer.
Logo o professor adentrou a sala e com ele todas as suas colegas falantes que pareciam ainda discutir a qualidade dos vestidos do baile.
Se tudo era química, como o professor dizia, o amor inclusive, porque não criar uma fórmula que a aproximasse de sua paixão? era só no que ela conseguia pensar naquela aula chata.