Eu estou triste. Tudo bem, isso não é novidade (muito pelo contrário...).
Mas, como já disse anteriormente, eu a deixo guardada. O que abriu as portas para ela dessa vez foi a minha despedida do meu já antigo serviço. Se já não bastasse o final do ano a me amedrontar, a sensação de perda é grande, sinto-me como se não tivesse mais estrada a percorrer, que encontrei o fim da linha, um beco sem saída.
Para onde vou agora? O que fazer? As horas dos dias se mostrarão mais longas pois estarei sozinho, não terei mais nem ao menos colegas de trabalho.
To me sentindo mais ou menos como o tio Augusto:
Eterna Mágoa
O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!
Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.
Sabe que sofre, mas o que não sabe
É que essa mágoa infinda assim, não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda
Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!
(Augusto dos Anjos)