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sexta-feira, julho 23, 2004
 
Lu
 
O tempo é uma antiga criação do ser humano.

Antes de tudo, a percepção de que a energia se esvaia pouco a pouco, que os cabelos e unhas cresciam no corpo, num processo por demais demorado, que evitava uma visualização mais precisa do transcorrer.

Início de mudança ocorreu quando o homem percebeu que os dias sucediam as noites e que o corpo desejava descanso quando a luz se extinguia. Então, naturalmente, começaram a contar os dias pelas noites.

A chegada do fogo, da luz, pouco modificou o panorama. As pessoas não tinham porque definir o que é o tempo, porque conseguiam fazer tudo aquilo que desejavam.

Então, os anos se passaram, as tribos se tornaram coletividades mais amplas e a organização deu seus primeiros passos. Surgiram as questões de como lidar com o número cada vez maior de eventos, programações. Assim surgiu o tempo, um divisor de tarefas ao longo dos dias.

Então, o que é o tempo? Provavelmente existem milhões de respostas para essa pergunta.

Fora de dúvida que ele transcorre, nos perpassa. Mas o mais importante é a visão que dele construímos. Há quem conte a vida aos minutos, aos dias, aos anos.

Para um planeta, um milhão de anos é nada. Para uma mosca, três minutos é toda a sua vida. Para quem está na Terra e vê uma luz estelar hoje, nem imagina que ela foi emitida há milhares de anos, o que nos leva a concluir que o espaço influi no tempo.

Da mesma forma, a psicologia ou a física inerentes ao ser humano acabam por influir na forma de sentir o tempo. Temos como exemplo os idosos, com seus passos vagarosos, ou os deficientes físicos, que têm que vencer verdadeiros obstáculos nas grandes cidades para simplesmente galgar um andar. Enquanto levamos segundos para atravessar uma rua, eles levam longos minutos...   

O tempo, contudo, não deve ser medido desta forma.

Enquanto alguns se preocupam com dias, eu mergulho em amanheceres, com o sol difuso aparecendo atrás da montanha. Enquanto outros contam os meses para a chegada das férias, eu somo as cachoeiras em que me banhei. Enquanto os executivos correm apressados mirando seus relógios, eu admiro a bela arquitetura do centro da cidade.

O tempo, minha cara, é você quem o constrói.

Esqueça calendários, relógios ou qualquer outro marcador temporal. Calcule sua vida pelas experiências sofridas, temidas, vividas, amadas, roubadas, famintas, extintas, sacolejantes, amaldiçoadas, fatigantes, exasperantes, delirantes.

Do que vale um ano inteiro nas minas de carvão da Sibéria sem um momento sequer nos braços de um amigo? Do que adianta viver setenta anos em uma ilha deserta sem poder admirar por uma fração de segundo o sorriso de uma criança?

O tempo, minha cara, não existe. Tudo que existe é você.

Viva mais, viva mais leve.

Um grande beijo e feliz aniversário.

22/07/04
 

 
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segunda-feira, julho 19, 2004
 
Tudo que eu queria... era desvendar o ser humano...
 
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