M A L D I T O ! ! !
sábado, janeiro 24, 2004
 
Assisti a Encontros e Desencontros... ainda estou sob o efeito do filme... As imagens... os sons... os olhares... e o silêncio...

Não conseguirei escrever nada decente agora... to cansado e morrendo de sono. Prometo redigir algo nos proximos dias... claro, somente se eu sobreviver à festa de logo mais....
 
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quinta-feira, janeiro 22, 2004
 
Chegou o grande dia! Amanhã estréia Lost In Translation. Sem titubear, vou ve-lo amanha mesmo. Alguem quer dividir tão especial momento comigo? :-)


Sabado tem festa, com tudo liberado. Se alguem quiser ir tambem, é so me avisar.
 
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quarta-feira, janeiro 21, 2004
 
Ser prisoneiro desse corpo
Apodrecer, estar quase morto
Enquanto minha alma quer flutuar

Viajar

Estar bem longe desse lugar
Longe de febres
Esquecer todas as dores
E a consistência dos excrementos que meu interior expele.

Ter uma alma prisioneira
Todo o corpo, um carcereiro.
Ter que se submeter aos limites
Desse amontoado de contrastes
De pele, ossos e carne.
Sabendo que ao final
Tudo não passará
De um eterno companheiro dos vermes.

Somente nesse instante
Com um grito rompante
Alcançarei liberdade
E entregarei toda a fildelidade
Ao meu amor: a verdade.


21/01/04 - 23:44

 
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domingo, janeiro 18, 2004
 
Continuando a série de confissões, vou aproveitar esse lindo domingo de sol para lembrar do que fiz em uma noite não muito distante (nada mais contraditório, eu sei, o brilho e a escuridão, mas a alma humana é naturalmente contraditória).

Quando saí do trabalho naquela tarde, não poderia imaginar que nem em casa conseguiria chegar. Desci do prédio, e quase fui tragado pelas águas. Não chovia simplesmente, parecia que o céu desabaria por completo, uma massa enorme, uma força insuportavel, quase que insuperável. Abri o guarda chuva e fui pulando, desviando das poças. Segui pela Almirante Barroso até a esquina com a Rio Branco, quando um ônibus em alta velocidade, alheio a todos que se protegiam debaixo da marquise, espirrou uns bons litros de água em cima da gente. Virei depressa o guarda-chuva mas não foi suficiente: todos nós, umas cinco pessoas, estávamos ensopados.

Uma velhinha começou a espirrar, um cara de boné pegou suas caixas e continuou seu caminho, um com pinta de executivo entrou num amarelinho e partiu, e eu fiquei ali, com uma mo?a linda, com cara de triste. Ela era muito bonita, morena, cabelos negros, lindas pernas torneadas, um decote saliente. Estava produzida, vestido preto, colar de perolas, outrora maquiada, baixou seus olhos para o chão e começou a chorar.

N?o se pode deixar ao desamparo uma senhorita como aquela, vocês hão de convir. Tirei meu sobre-tudo e a cobri. Ela levantou os olhos e esboçou um sorriso. Perguntei onde ia tão linda e me disse que encontraria seu noivo, em um restaurante no Leblon.

Sem palavras, precipitei-me até o meio fio e fiz sinal para um táxi, que passou acelerado. Ouvi um grito e quando me virei, ela me acenava. Aproximei-me e entre a chuva vi lágrimas. Disse-me que não poderia ir ao encontro de seu amado daquele jeito, era uma data especial, comemorariam cinco anos que se conheceram, como chegaria ao restaurante toda suja e molhada?

Peguei-a pela mão e caminhamos até a Rua da Assembléia, atravessamos uma transversal, e entramos em uma loja. Falava com o gerente enquanto ela experimentava roupas. Consegui que ela tomasse banho e em 20 min já estávamos na rua.

A chuva cessara, era de verão. Quando voltamos a Rio Branco, ela já começava a me agradecer, quando me ofereci para acompanhá-la, disse que não poderia deixa-la partir sozinha. Achei um táxi e entramos.

Quando chegamos ao aterro vi na expressão de sua face toda a decepção que uma pessoa pode sentir: centenas de carros bloqueavam nossa passagem. Não chegaríamos ao Leblon nem em duas horas.

Cochichei no ouvido do motorista e mudamos de caminho. Entramos pela Lapa e descemos perto dos arcos. Até aquele instante ela não tinha se pronunciado sobre a mudança de planos. Entrei em um restaurante, sendo seguido por ela.

Sentamos. Ela agradeceu por tudo, mas disse que tinha que ir. Tinha que tentar de todas as formas chegar até seu amado. Estava ainda mais preocupada pelo fato do celular dele estar desligado ou fora da área de cobertura. Eu argumentei que ela n?o conseguiria chegar no hor?rio combinado e que ficaria presa no trânsito por várias horas. Ela parecia não me ouvir e já se levantava quando eu disse que só iria ao toalete e depois partiríamos.

Meio que contrariada ela se sentou e eu sai. Abri uma porta e atravessei a cozinha, onde vapores e temperos invadiram minhas narinas. Cheguei ao banheiro e o cheiro f?tido de excrementos humanos me fez retornar ao mundo real.

Quando voltei ao salão ela não estava . Um garçom prestativo disse-me que ela acabara de sair. Peguei minhas coisas e levantei apressado, saindo do restaurante, olhando para os lados.

Segui pela esquerda e a encontrei indecisa em uma esquina. Ela se virou para mim e disse que tinha que ir. Parecia transtornada. Indiquei uma direção e ela partiu sem me esperar.

A segui a meia distância. Uma noite sem lua chegara, e as sombras cobriam tudo, o bairro, a minha pessoa.

Quando ela se virou, após se deparar com uma rua sem saída, encontrou minha mão. Cobri sua boca com uma das mãos e com a outra segurei seu braço, até deita-la no chão. Seus olhos queriam saltar das órbitas.

Descobri a boca e ela gritou. Um grito estridente, longo. Eu sentia o medo que sua garganta exalava no ar. Busquei o bolso direito de meu sobretudo e puxei rápido a navalha.

Um corte simples, longitudinal, fez sua cabeçaa pender para trás, o que lhe deu um aspecto de marionete.

Ainda agora, lembro de como admirei seu corpo sem vida. O sopro da morte não apagava os lindos contornos de seu corpo.

Tirei o sobretudo e limpei nele a navalha. Não me tinha mais serventia. Ajoelhei-me aos seus pés, fiz uma curta oração e a cobri com minha capa.

Deixei o beco e olhei para a lua que aparecia entre as nuvens. Mas que noite maravilhosa.

Entrei num táxi que me esperava e segui para a zona sul.
 
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Momento Lost in translation


Estréia na próxima sexta-feira... será que eu agüento até lá? Já devem estar de saco cheio sobre esse assunto, ainda mais porque eu nem mesmo vi o filme, e já to falando bem!!! Vê se pode.

Então tá. Vou deixar a Isabela Boscov, da Veja, falar pra vocês o que ela achou do filme:



Tradução sem traição

Em Encontros e Desencontros, Sofia
Coppola fala de sentimentos que não
cabem em palavras



Em um bar do hotel Park Hyatt de Tóquio, o astro decadente Bob Harris toma um uísque solitário, ouve uma cantora torturar Scarborough Fair, de Simon & Garfunkel, e pensa que, mesmo quando já se está no fundo do poço, sempre é possível cavar mais um pouco. Num quarto do mesmo hotel, a jovem Charlotte, sentada no parapeito da janela, abraça seus joelhos, olha a cidade e não vê nenhum caminho que possa tirá-la da encruzilhada em que está. Não que Bob ou Charlotte ponham esses pensamentos em palavras: uma das razões pelas quais Encontros e Desencontros (Lost in Translation, Estados Unidos, 2003) não raro se aproxima do sublime é que a diretora Sofia Coppola confia na sua força e na de seus atores – Bill Murray e Scarlett Johansson – na mesma medida em que desconfia da capacidade dos diálogos para exprimir os ânimos intangíveis que seus personagens estão atravessando. Em seu segundo filme, que estréia nesta sexta-feira no país, Sofia – filha de Francis Ford Coppola – trata exatamente dos medos e promessas contidos em situações que seus protagonistas não têm como categorizar: casamentos e carreiras que não estão indo nem vindo, o deslocamento geográfico, a comunicação truncada entre pessoas vindas de idiomas e culturas que carecem de pontos de contato. Sofia trata, principalmente, daquele espaço que, num relacionamento, fica entre a amizade e o amor e pode trazer todas as perdas e ganhos de ambos.

Em Tóquio para gravar um comercial, Bob Harris se defronta de forma inescapável com seu declínio e sua crise de meia-idade: uma carreira que se reduziu a vender uísque para os japoneses (Murray diz ter emprestado sua cara de desânimo de uma propaganda da cerveja Asahi com Harrison Ford) e um casamento em que o único assunto passou a ser a cor do carpete a instalar na casa. Charlotte é bem mais nova, mas enfrenta desorientação semelhante. Não sabe com o que trabalhar – talvez escrever, talvez fotografar, talvez nada disso – e acima de tudo não sabe mais quem é seu marido, um fotógrafo de bandas de rock que foge dela em todas as oportunidades possíveis. Bob e Charlotte estranham o fuso horário, não conseguem dormir e se sentem ainda mais desamparados por estar numa cidade em que suas referências não fazem sentido. A princípio, é isso que os une: o fato de estarem perdidos. Depois, a sensação de que, mais do que colidir casualmente, eles se encontraram um ao outro. É uma paixão que não diz seu nome nem oferece a segurança de uma consumação. Bob e Charlotte bebem juntos no bar, vão a uma festa e a um karaokê, passeiam por Tóquio, dividem um almoço – e, em termos objetivos, não fazem muito mais do que isso. Mas, a cada cena, Sofia Coppola faz com que seu filme se distancie um pouco da comédia e se aproxime do drama, tão mais fundo e palpitante pela discrição com que é filmado e pela minúcia com que é mapeado nas interpretações magníficas de Bill Murray e Scarlett Johansson.

Apesar das boas críticas que recebeu por seu primeiro trabalho de direção, As Virgens Suicidas, Sofia passou cinco meses tentando fazer com que Murray lesse seu roteiro, e decidiu que não faria o filme caso ele rejeitasse o papel. Murray, que foi do elenco do programa Saturday Night Live, enfrentou ao longo de toda a sua carreira os obstáculos típicos dos comediantes que têm também grande talento dramático: falta de reconhecimento e de oportunidade. Agora, assim como Bob e Charlotte se salvam mutuamente, ele e Sofia de certa forma fazem o mesmo um pelo outro. É improvável que desta vez a Academia mostre pelo trabalho de Murray a indiferença com que premiou seus desempenhos soberbos em Feitiço do Tempo e Três É Demais. E essa deve ser a última vez em que a diretora é lembrada como a péssima atriz de O Poderoso Chefão III, no qual trabalhou como um favor ao pai e do qual saiu massacrada. O mais certo é que a partir de Encontros e Desencontros ela passe a ser conhecida como a cineasta capaz de traduzir, na tela, sentimentos para os quais o vocabulário comum é incompleto.

 
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