M A L D I T O ! ! !
sábado, novembro 22, 2003
 
"Você acha, retruca D. Juan, que um homem deve se amarrar na primeira mulher que capturou sua imaginação, renunciar ao mundo por ela e nunca mais olhar para nenhuma outra? Reconheço que isso seria uma boa idéia, fazer da fidelidade uma virtude, enterrar-se para sempre numa única paixão e permanecer cego para todas as belezas que seus olhos poderiam contemplar. Mas não! Que os tolos façam da constância uma virtude! Todas as mulheres bonitas têm direito ao nosso amor, e a casualidade de ser a primeira a chegar não deve roubar às outras uma parte de nossos corações. A beleza me seduz onde quer que eu a encontre, e voluntariamente entrego-me ao seu encanto. Não importa o quanto estou comprometido, o fato de estar amando uma pesso não deve me tornar injusto com as outros. Mantenho um olhar atento para os méritos de todas elas, e rendo homenagem a cada uma, e pago a cada uma o tributo a que nos obriga a natureza. Aconteça o que acontecer, não posso negar o amor a quem eu considero digna de ser amada, e assim, quando um belo rosto está pedindo amor, se tivesse diz mil corações eu lhos daria todos. Afinal, há algo inexplicavelmente fascinante em se apaixonar, e grande parte desse prazer vem do fato de que a paixão é passageira. Como é delicioso, como é extasiante dominar com centenas de demonstrações de devoção o coração de uma jovem mulher; acompanhar dia a dia os pequenos progressos feitos; enfrentar com arroubos, suspiros e lágrimas o inocente pudor de uma alma que reluta em ceder; superar, passo a passo, todas as pequenas resistências qu ela opõe; afinal, subjugar seus orgulhosos escrúpulos e levá-la a consentir. Mas após termos sido bem-sucedidos, o que resta? O que mais se pode querer? Tudo aquilo que encanta o apaixonado acabou, ele pode apenas afundar numa afeição sonolenta e doméstica, até que surja um novo amor, para despertar desejo e propiciar o charme de uma nova conquista. Não há prazer que se compare ao triunfo sobre a resistência de uma bela pessoa, e a minha ambição é a mesma dos grandes triunfadores, que não colocam limites na sua aspiração de conquistar uma mulher após a outra. Nada pode reprimir meus impetuosos desejos. Sinto em mim um amor que engloba toda a terra; e, como Alexandre, gostaria que outro mundo houvesse para aumentar minhas conquistas amorosas".

D. Juan (1665) - Molière
 
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sexta-feira, novembro 21, 2003
 
Insolente o mundo para de girar para ver sua sombra passar, pois o ser que a projeta, já está longe, já não se enxerga. Pescoços se torcem, cabeças se viram, narizes sentem o perfume da orgia. O cio transmite-se pelo ar, da bela moça até o pobre mendigo da laje despedaçada. Todos ouriçados a procura de carinho, mas ela não agüenta mais sexo, se contenta com um amigo. Mas para quem se depara com aquela imagem, não é outra vontade que perpassa, vontade de saciar a carne fraca, deitar a cabeça no amado ventre, brincar com os loiros cabelos entre os dedos... do pé. Ela não quer, desejo para ela é correr, perder os pecados ao suar, padre nenhum faria parar, só a corrida é capaz de lhe salvar. Os passos se apressam, os dela e os dos outros, dos tantos homens que na rua se enfeitiçaram pela volúpia da loira alada. Tentam alcança-la, rasgar-lhe as vestes, morder as nádegas. Mas ninguém a toca, nenhum ser a conquista, bater a clava na cabeça e a derrubar para a escuridão da caverna. É ela, é ela, é ela que foge pela rua deserta. Deserta de amigos, de homens, de vida.

(14/06/2002)
 
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terça-feira, novembro 18, 2003
 
Bem... quem diria que esse dia chegaria: estou formado. Digo, sou Bacharel em Direito, mais um entre tantos desempregados da roda-viva ocidental. E pensar que há poucos anos eu nem fazia idéia de que carreira seguir.

Como diria o Drummond:

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.



E cá estou eu. Em que lugar, não sei.

 
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Agora resolveram mandar mensagens anônimas... Maldade... E pior: fazem isso propositadamente, sabendo que eu sou um menino por demais curioso. Isso não se faz... Contudo, melhor vozes do além do que o silêncio angustiante.
 
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domingo, novembro 16, 2003
 
Então, para onde vamos?

Eu não sei nem mesmo qual é o meu destino, o que direi da humanidade?

Mas posso expor uma suposição: teremos uma volta ao passado.

Até quando as pessoas viverão falsamente as emoções? Até quando ficar com 10 pessoas em uma noite será mais importante que nutrir um sentimento verdadeiro por alguem? Digo: não por muito tempo.

Penso então nos "namoros de portão", na época em que era um mero sonhar tocar as delicadas mãos das senhoritas... Tudo era mais simples, o amor surgia, e se vivia.

Um dia o ser humano vai perceber que a velocidade, o imediatismo dos tempos modernos não faz bem. É preciso de tempo: para apreciar a paisagem, para ter novas experiências, para ler, sonhar e sentir. Mas tudo exatamente a seu tempo, sem pressa, sem vontade de engolir o mundo todo de uma vez.

Esse mundo moderno, ironicamente, ao invés de aproximar as pessoas com seus cabos, telefones, satelites, internet, trens e aviõs, só nos afasta cada vez mais. Se tudo continuar assim, um dia cada um viverá em sua respectiva bolha, mas conectada com todos do planeta através de um cabo que sai diretamente do cérebro para a grande rede ........

Mas um dia, quem sabe, o ser humano, esse tolo, começará a dar valor para as coisas realmente importantes, a amizade, o amor. Nesse dia, ele deixará as variações do mercado financeiro de lado, o mais novo modelo de carro ou computador lançado, as milhares de informações por segundo que chegam a seu ouvidos olhos e descansará. Ou o descanso eterno da morte, ou a ressureição de uma nova era, sem pressa, com contemplação.

Não fui o primeiro, nem serei o último a escrever sobre isso. Para dividir meus sentimentos, convoco Thom Yorke e cia.


The Tourist

It barks at no else but me
Like it's seen a ghost
I guess it seen the sparks a-flowing
No one else would know

Hey man, slow down
Slow down
Idiot, slow down
Slow down

Sometimes I get overcharged
That's when you see sparks
You ask me where the hell i'm going?
At a thousand feet per second

Hey man, slow down
Slow down
Idiot, slow down
slow down
Hey man, slow down
Slow down
Idiot, slow down
slow down

____


Palavras do Jonny Greenwood, que escreveu a musica: " To me the Tourist is a song about speed. About the amount of speed you live your life with. But also about other things, about how you communicating with people. "


Então, só me resta dizer uma coisa: IDIOTA, diminua sua velocidade, e vai viver sua vida tranquilamente.
 
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